segunda-feira, 16 de maio de 2016

As últimas palavras de Julius César
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Muitos acreditam que, prestes a morrer devido à ação de seus assassinos, Júlio César tenha pronunciado as famosas palavras: “Et tu, Brute?” (“Até tu, Brutus?”). Mas a verdade é que o controverso ditador de Roma jamais disse existe tal coisa. William Shakespeare inventou a fala para que a sua versão fictícia de Júlio César a recitasse. Entretanto, até mesmo na peça de Shakespeare, “Até tu, Brutus?” não é a última fala de Júlio César (e sim “Então caia, César”).
Mas e quanto ao personagem real e histórico de César? Ele era, de fato, de classe alta e tinha tido uma educação formal. Na Roma Antiga, isso significava que Júlio César provavelmente se comunicava em grego – e não em latim, como insinua a famosa frase. Na realidade, Júlio César não estava muito familiarizado com o latim.
O único escritor antigo que menciona quaisquer últimas palavras do imperador nem mesmo era contemporâneo de Júlio César. Ele sugere que a vida do político romano terminou com um suspiro em grego dirigido a Brutus: “Kai su teknon”, uma frase de difícil tradução, mas cuja versão mais aceita significa “até você, meu filho?”. As fontes são confusas porque, afinal, trata-se de uma fofoca de 2 mil anos de idade, mas alguns rumores diziam que Brutus era filho bastardo de César (outros o consideram filho adotivo), enquanto outros ainda se referem a eles apenas como amigos.
Alguns historiadores afirmam que a frase, na realidade, nem se refere a Brutus, mas sim a todos que conspiraram contra ele e planejaram sua morte. Neste caso, a tradução da frase viraria uma espécie de ameaça e seria algo mais próximo a “Vocês serão os próximos, crianças”. Uma alternativa, embora menos poética, conta que César teria puxado sua toga sobre a cabeça enquanto seus agressores o esfaqueavam até a morte
Os romanos não inventaram a crucificação
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Embora as narrativas que contam a paixão de Cristo tenham contribuído para fazer com que a execução por crucificação seja sinônimo de Roma Antiga em muitas mentes, a prática provavelmente se originou na Pérsia por volta do ano 500 aC. A partir daí, a punição extrema se espalhou para terras mais distantes como a Índia, o Egito, Cartago, a Macedônia, algumas terras celtas, assim como para Roma, entre outras regiões.
Pelo menos uma passagem do Velho Testamento bíblico sugere que os judeus da época já empregavam uma punição semelhante. Alexandre, o Grande, também havia mostrado a popularidade do ato ao invadir a cidade de Tiro e crucificar 2 mil de seus habitantes homens adultos, no século 4 aC. Na verdade, eram os cartagineses que talvez fizeram o uso mais extensivo da crucificação, e é provável que tenha sido a partir deles que os romanos adotaram a prática. Ao contrário de Cartago, que ocasionalmente crucificava seus próprios generais caso perdessem uma batalha, Roma não costumava crucificar seus próprios cidadãos.
Considerada a mais extrema sentenças de morte, a execução por crucificação era uma punição longa, cruel e dolorosa que os governantes do Império Romano reservavam para os seus piores criminosos, como Spartacus e seus companheiros rebeldes (além de, claro, Jesus). Os romanos, que viviam sempre com medo de revoltas de escravos devido à ampla utilização de tal forma de trabalho, responderam à revolta liderada por Spartacus com uma das maiores crucificações em massa da história. Na ocasião, aproximadamente 6 mil escravos rebeldes foram mortos na cruz ao longo da estrada de Roma a Cápua no ano de 71 aC.
Embora a crucificação fosse considerada demasiadamente abominável para ser usada contra os próprios cidadãos romanos, a prática não foi oficialmente abolida dentro do império até 438 dC.

1. A queda de Roma não acabou com o Império Romano

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Aprendemos na escola que, ao menos teoricamente, a dominação romana terminou em 476 dC, quando a cidade caiu e foi tomada por invasores hérulos, um povo germânico do sul da Escandinávia. No entanto, o novo saque a Roma nem foi um incidente tão significativo assim. A então capital do império, Constantinopla, há muito tempo já havia superado Roma em questão de riqueza, população e importância.
Na época de sua “queda”, a importância de Roma já tinha até sido suplantada, a oeste, pela cidade de Ravenna, a capital do Império do Ocidente. Outra razão pela qual a queda de Roma não foi tão catastrófica como se imaginava foi o general Flávio Odoacro, rei da tribo germânica dos hérulos, que depôs o último imperador romano do Ocidente. O militar bárbaro não queria, na realidade, mudar muito as coisas, ele só queria estar no comando. Odoacro fez questão de reconhecer o verdadeiro imperador em Constantinopla e manter o status quo.
Para um habitante qualquer de Roma, a vida continuou como de costume durante décadas após o fim do reinado do último imperador de Roma. Isso porque as tribos germânicas que passaram a governar a região já haviam feito parte do Império Romano como Estado-cliente – cuja população correspondia a uma considerável parte do contingente militar romano e era considerada “quase cidadãos”. Quando uma coalizão de bárbaros e romanos finalmente derrotou os hunos em 451, foi incrivelmente difícil dizer qual parte dos soldados era composta de romanos e quem dali era bárbaro.
O que de fato sacramentou o fim do Império Romano não foram as invasões estrangeiras, mas sim uma série de guerras civis que assolaram suas fronteira. O exército romano, com seu armamento, suas vestimentas e seus generais bárbaros, começou a lutar contra si mesmo cada vez mais, reduzindo o Império do Ocidente a incontáveis reinos rebeldes com apenas uma frágil união sob o comando de um punhado de senhores da guerra.
Independentemente do declínio do Império Romano do Ocidente, o do Oriente sobreviveu por mais mil anos, governando até grandes porções de terra hoje pertencentes à Itália em vários momentos durante esse tempo.

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