terça-feira, 17 de maio de 2016

Nefertiti, a Bela... está a chegar?
Vale dos Reis, 4 de Janeiro de 1923: Howard Carter (de cócoras) abre as portas da última das quatro capelas de madeira revestidas a ouro que protegem o sarcófago  de Tutankhamon, ainda selado.
No dia 4 de Novembro de 1922, a equipa do arqueólogo britânico Howard Carter encontrou um degrau talhado numa cavidade rochosa do Vale dos Reis, que conduzia a uma passagem com o acesso emparedado e selado.
Percebeu que tinha descoberto uma "casa da eternidade", um túmulo provavelmente ainda intacto. A partir desse momento, semana após semana, não tardaram a surgir objectos maravilhosos. Agora, talvez estejamos na iminência de uma história parecida: outro egiptólogo inglês, Nicholas Reeves, acredita que o túmulo de Tutankhamon só foi parcialmente explorado e que, atrás de uma das suas paredes, aguarda-nos outro grande achado.
Quis o destino que fosse Carter, após anos “perseguindo” o esquivo faraó por todo o Vale
Carter descobrira o túmulo de um rei da XVIII dinastia que já procurava há algum tempo. “Correndo o risco de me acusarem de clarividência post actum”, escreveu, “direi que tínhamos fortes esperanças de encontrar o túmulo de um rei em particular e que esse rei era Tutankhamon”. As suas palavras confirmam que, antes mesmo de o túmulo ser divulgado, já se suspeitava da existência de um soberano chamado Tutankhamon que teria de estar enterrado no Vale dos Reis.
Por força dos avanços arqueológicos e da descodificação progressiva da língua egípcia, a grande necrópole tebana do Império Novo construída na margem ocidental do rio Nilo, nos arredores da actual cidade de Lucsor, começava a emergir como fonte de informação e de descobertas desde meados do século XIX.
Este conhecimento prévio ficava também a dever-se a Theodore Davis que, em 1905 e em 1908, encontrara no interior do poço do túmulo KV54 peças de faiança nas quais surgia o nome de um faraó pouco conhecido até ao momento: Tutankhamon. Posteriormente, ao encontrar noutra sepultura fragmentos de folha de ouro com o mesmo nome, Davis pensou ter descoberto o seu túmulo, hipótese desdenhada por Carter desde o início. Quis o destino que fosse Carter, após anos “perseguindo” o esquivo faraó por todo o Vale, a encontrar o túmulo na sua última campanha. O local recebeu o nome de KV62, seguindo a numeração oficial dos túmulos do Vale dos Reis (Kings Valley, na designação anglófona).
Após a descoberta de Carter, a necrópole real perdeu interesse durante várias décadas até começar a ser vista com outros olhos. Actualmente, não se escava em busca de tesouros, nem as missões arqueológicas vivem sob a necessidade de encontrar artefactos valiosos para conseguirem financiamento. Hoje em dia, o objectivo fundamental é o conhecimento, o qual se obtém frequentemente através da interpretação de dados que, na altura, passaram despercebidos. E é aqui que entramos neste novo episódio que envolve mais uma vez o túmulo de Tutankhamon.
A história começa quando um egiptólogo inglês chamado Nicholas Reeves, da Universidade do Arizona, examinou cuidadosamente o trabalho realizado por uma equipa de especialistas da Fundação Factum Arte. Esta empresa espanhola, responsável pelo projecto e pela elaboração de uma réplica do túmulo de Tutankhamon, procedeu à digitalização do conjunto utilizando tecnologia baseada na combinação de digitalização 3D e fotografia de alta resolução.
 O nome da soberana Neferneferuaton-Nefertiti (gravado neste anel de ouro encontrado em Amarna)significa "a Bela das Belas de Aton, a Bela Chegou".
Os resultados obtidos permitiram ao especialista apreciar todos os pormenores da câmara funerária, desde as pinturas murais e respectivas cores às imperfeições de cada parede. Nesse processo, o arqueólogo julgou ter reconhecido dois acessos tapados que poderiam conduzir a duas novas salas ocultas atrás das paredes. Comunicou de imediato a sua hipótese à comunidade científica internacional, publicando no passado mês de Julho um ensaio intitulado “The Burial of Nefertiti?” (“A Sepultura de Nefertiti?”), curiosamente pouco antes de os melhores egiptólogos do mundo se reunirem em Florença para a celebração do XI Congresso Internacional de Egiptologia. O ensaio suscitou grande atenção por parte dos órgãos de comunicação social.
Depois de conseguir convencer o Serviço de Antiguidades do Egipto sobre essa possibilidade, Nicholas Reeves organizou uma expedição científica a Lucsor no passado mês de Novembro. Investigações realizadas pelo japonês Hirokatsu Watanabe com georradar revelaram que havia vestígios de portas nas paredes norte e oeste da câmara funerária de Tutankhamon, tapadas à época da sua construção e cuja existência permaneceu oculta até agora.
Nefertiti, a Bela... está a chegar?
O egiptólogo britânico formulou de imediato duas hipóteses quanto ao ponto de destino desses acessos: atrás da parede oeste, poderia estar uma sala de armazenamento (talvez com objectos funerários), enquanto a porta da parede norte poderia conduzir a um corredor de acesso à câmara funerária do verdadeiro proprietário do túmulo KV62, que não seria Tutankhamon – cenários esses representados nas ilustrações destas páginas. No seu entender, a morte repentina e inesperada do jovem rei obrigou a reabrir e a remodelar este túmulo para incluir uma nova câmara onde sepultá-lo. Que dados apoiam a teoria de reeves? Diversas questões relacionadas com o túmulo de Tutankhamon já intrigavam os egiptólogos antes de Nicholas Reeves examinar estas anomalias nas paredes.
A câmara funerária do faraó Tutankhamon reescreve um novo capítulo da sua história apaixonante. O egiptólogo britânico Nicholas Reeves sugere a existência de duas câmaras atrás das paredes.O que esconderão no interior?
Quem nos aguarda atrás das paredes do KV62? Segundo o egiptólogo inglês, é a bela Nefertiti.
Primeira questão: a sepultura não corresponde ao que deveria ser um sepultamento tradicional da XVIII dinastia. Esta câmara não partilha características arquitectónicas com os restantes túmulos de reis do mesmo período histórico e as suas dimensões são pequenas: a câmara funerária – a divisão maior – mede apenas 6 por 4 metros. Reeves acredita que, por ter morrido jovem, o faraó criou a necessidade de remodelar um espaço com alguma pressa, provavelmente um túmulo destinado a outra pessoa.
Segunda questão: chama a atenção o facto de um espaço assim diminuto ter servido para albergar um espólio funerário tão rico e abrangente, um indício de que ele poderia ter estado destinado a outro túmulo maior.
Terceira questão: a presença de objectos em segunda mão. Mais de metade do espólio funerário que acompanhou o faraó não lhe pertencia: eram objectos de reis anteriores, posteriormente adaptados para uso de Tutankhamon.
E, por fim, uma quarta interrogação: a decoração pobre para o túmulo de um faraó. A câmara do sarcófago é a única divisão do túmulo cujas paredes estão decoradas com pinturas.
A sua simplicidade também choca quando comparada com a elaborada e profusa decoração de outros túmulos reais.
Quem nos aguarda atrás das paredes do KV62? Segundo o egiptólogo inglês, é a bela Nefertiti. A sua hipótese conjectura que o túmulo de Tutankhamon fora inicialmente escavado e utilizado para o sepultamento da rainha.
A família real de de Armarna (o faraó Akhenaton, Nefertiti e as suas filhas) figuram neste relevo do túmulo de Mahu, chefe da guarda do soberano. Akhenaton substituiu o culto de Amon e outros deuses por uma única divindade, Aton. Apesar de terem sido considerados heréticos, pelos sacerdotes de Tebas, os seus corpos foram transladados para o Vale dos Reis.  
Apesar de não dispormos de provas concretas sobre o destino de Nefertiti, pensa-se que tanto ela como o seu marido, Akhenaton (pai de Tutankhamon), e outros membros da família real terão sido sepultados no túmulo que o faraó herege mandou construir perto da cidade de Amarna, onde fundou a nova capital, depois de abandonar Tebas e virar costas aos deuses da religião oficial para instaurar o culto único a Aton. Depois do saque do túmulo, os seus corpos foram trasladados para o Vale dos Reis. Esta hipótese foi em parte corroborada pela descoberta do chamado “esconderijo de Amarna” no túmulo KV55, um enterro apressado, possivelmente de Akhenaton e da sua mãe, a rainha Tié. Supostamente a trasladação dos corpos a partir de Amarna ter-se-ia realizado durante o reinado de Tutankhamon. Como temos conhecimento da presença destes familiares directos do jovem faraó na necrópole tebana, não é descabido pensar que Nefertiti também pudesse estar enterrada junto deles.
Após o trabalho de localização de túmulos e depósitos associados a Amarna, Nicholas Reeves delimitou o espaço onde poderia encontrar--se a rainha na zona central do Vale dos Reis. A sua investigação levou-o a concluir que o túmulo estaria provavelmente escondido nas proximidades dos membros da família e, por conseguinte, perto do túmulo de Tutankhamon.
Uma escada e um corredor descendente conduzem àquilo a que Carter chamou a antecâmara do túmulo de Tutankhamon e a um anexo. Na parede norte desta divisão, num nível um pouco inferior, encontra-se a câmara funerária, onde apareceu o fabuloso sarcófago intacto do faraó, e a câmara do tesouro. A análise das digitalizações 3D geradas pela Factum Arte para reproduzir a câmara sepulcral (à direita), a única sala do túmulo cujas paredes foram decoradas com cenas pictóricas, permitiu a Reeves formular a sua hipótese: atrás da parede ocidental (A), poderia esconder outra câmara de armazenamento e, atrás da parede norte (B), poderia localizar-se o túmulo de Nefertiti. 
Nicholas Reeves concentrou-se também no espólio funerário e na iconografia das paredes. Segundo ele, não é improvável que o último local de repouso da lendária Nefertiti tenha sido de facto Tebas (Lucsor Ocidental).
Um conjunto de sarcófagos de ouro em miniatura utilizados para depositar as vísceras do rei após a sua mumificação, assim como o seu segundo sarcófago antropomórfico, apresentam sinais de terem pertencido a um monarca anterior. A ser assim, Nicholas Reeves atribuí-los-ia a Nefertiti. Alguns egiptólogos defendem a teoria de que o sucessor de Akhenaton, Semenkhkaré, era na verdade Nefertiti, adoptando outro nome e outros títulos.
A possível descoberta do túmulo intacto de Neferttiti viria contrariar a teoria proposta por egiptólogos ingleses, segundo a qual uma das três múmias existentes numa segunda câmara do túmulo de Amen-hotep II (KV35), utilizada para ocultar outras múmias durante o Terceiro Período Intermediário, poderia ser da rainha Nefertiti, principal esposa de Akhenaton, o "faraó herege". Daquelas três múmias, todas desprovidas de faixas, sarcófago ou quaisquer inscrições que permitissem identificá-las, a chamada Dama Jovem (à esquerda) foi considerada a "candidata" a Nefertiti. Contudo, a maioria dos egiptólogos crê que os dados não fornecem provas irrefutáveis. Os exames científicos da múmia concluíram que se trataria de uma mulher demasiado jovem para poder ser identificada como a grande esposa real.  
Nefertiti, a Bela... está a chegar?

 
A estes argumentos há que acrescentar os estudos iconográficos da decoração da câmara do sarcófago, onde Reeves pensa reconhecer as feições de Nefertiti na imagem que sempre se acreditou pertencer a Tutankhamon. O jovem rei, como sucessor de Nefertiti, identificar-se-ia com a personagem que oficia a cerimónia de abertura da boca da suposta rainha.
Os passos seguintes serão decisivos. A arqueologia moderna precisará de uma boa equipa de especialistas para descobrir o que se encontra “para além” dessas paredes. Existem diferentes propostas para tal, entre as quais o acesso às estruturas a partir da superfície ou através de uma pequena abertura numa das paredes desprovidas de decoração (provavelmente a câmara do tesouro), através da qual se pudesse introduzir uma microcâmara.










Ruínas de uma casa de saqueadores construída sobre a entrada do túmulo de um nobre.



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A descoberta de tais características animaria a possibilidade de encontrar uma sepultura selada, que tenha escapado intacta aos ladrões. Com ela, os historiadores teriam oportunidade de um estudo singular, assumindo que o espólio não teria sido “desviado” para o túmulo do próprio Tutankhamon. A reutilização do espólio funerário de um soberano anterior não era uma prática estranha. Aliás, o jovem faraó foi sepultado com objectos que garantidamente não lhe pertenciam. Entramos aqui no domínio da conjectura.
No caso de o tesouro ter sido roubado, deveríamos deparar-nos com paredes decoradas, textos funerários e talvez com a múmia ou múmias que supomos “dormirem” no seu interior. Se o sarcófago da rainha aparecesse intacto, talvez se esclarecessem muitas dúvidas sobre este conturbado período da história do Egipto, que levou à omissão propositada dos seus polémicos protagonistas – Akhenaton, Nefertiti e Tutankhamon – da listal real de Abido, onde figuram todos os monarcas da terra do Nilo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Busto inacabado da rainha Nefertiti, cerca de 1350 a.C., guardado no Museu Egípcio do Cairo.
Se o local de repouso da rainha mais bela do Egipto estiver atrás das paredes do túmulo de Tutankhamon, sabê-lo-emos em breve.
Ultimamente, têm surgido outras teorias, contrárias à apresentada por Nicholas Reeves. Destaca-se a do egiptólogo Zahi Hawass, ex-ministro de Antiguidades do Egipto e explorador da National Geographic Society, que recusa terminantemente a possibilidade de Nefertiti repousar atrás das paredes do túmulo de Tutankhamon, pois “os sacerdotes de Amon nunca o teriam permitido”. Outros egiptólogos consideram a possibilidade de ser Kia, a segunda esposa de Akhenaton e provável mãe de Tutankhamon, enterrada na câmara oculta.
Existia ainda a hipótese de as duas câmaras ocultas serem áreas inacabadas do KV62, “descartadas” por não ter havido tempo para acondicioná-las para o sepultamento real. Nesse caso, o túmulo teria sido originalmente construído para Tutankhamon, como Carter pensou em 1922. Ainda hoje podemos observar no Vale dos Reis túneis inacabados, abertos para túmulos maiores. A construção da parede norte da câmara funerária onde está enterrado Tutankhamon, nessa conjectura, teria apenas dividido o túmulo em dois: indubitavelmente, um túmulo mais pequeno seria mais fácil de preparar em poucos dias, dado o carácter súbito da morte do faraó.

Navegamos, portanto, num mar de hipóteses. Se o local de repouso da rainha mais bela do Egipto estiver atrás das paredes do túmulo de Tutankhamon, sabê-lo-emos em breve. Face a tudo o que está em jogo, Nicholas Reeves é absolutamente pragmático: “Se me enganar, enganei-me; mas se tiver razão, esta poderá ser a maior descoberta arqueológica alguma vez realizada.” 
Uma das representações que decoram a câmara funerária de Tutankhamon simboliza a cerimónia de abertura da boca, durante a qual o rei, personificado na figura de Osíris (esquerda), recupera os sentidos para a vida no Além. Sugundo Nicholas Reeves, nesta pintura, a cara do rei - até agora identificado como o jovem faraó - apresenta uma prega vincada entre o ângulo da boca e o queixo, uma característica igualmente presente nas esculturas tardias da rainha Nefertiti. (direita).
 

segunda-feira, 16 de maio de 2016

A maternidade nunca foi uma tarefa fácil. As antigas egípcias que o diga. Neste vídeo apresento um pouco sobre como era exercer este papel na Antiguidade Egípcia e inclusive como ele era visto, por exemplo: vocês sabiam que a crença ditava que parte do coração do indivíduo era herdado da mãe durante a sua formação no útero?
Provavelmente a rainha Nefertiti beijando uma de suas filhas. Grandes civilizações do passado: Terra de faraós
Ser mãe durante o Egito Antigo concebia à mulher, a posição de ser a responsável pela perpetuação da sua família e consequentemente a imortalidade da mesma através das gerações. A importância da concepção de uma criança é vista nos principais mitos, especialmente o de Ísis e Osíris, onde a deusa se empenha em engravidar do marido já falecido, para dar uma continuidade à família.
Existiam ainda significados especiais na maternidade e que usualmente era levado para o hábito funerário. Por exemplo, a crença ditava que a criança adquiria os ossos do seu pai e os tecidos moles da mãe, incluindo parte do coração dela (Era pensando nisso que um dos trechos do Livro dos Mortos trazia versos voltados diretamente para a figura maternal, tal como o que veremos a seguir:

Meu coração, minha mãe; meu coração, minha mãe!
Meu coração por meio do qual nasci!
Nada surja para opor-se a mim no meu julgamento;
Não haja oposição a mim na presença dos príncipes soberanos;
Não haja separação entre ti e mim na presença do que guarda a balança!p 215 apud ).
O ato de ser mãe era tratado também como algo sagrado. Muitos dos aspectos desta condição eram retratados em relevos religiosos e até mesmo utilizados em amuletos, a exemplo do ato de amamentar, usualmente visto em imagens funerárias, onde Hathor, como protetora do falecido, o alimenta pelo seio quando ela está em sua forma de vaca, ou Ísis, cuja imagem que a representa dando de mamar a Hórus era utilizada como amuleto de proteção.
Rainha Aqaluqa representada como Ísis amamentando. Imagem disponível em < http://wysinger.homestead.com/nubians5.html >. Acesso em 11 de maio de 2014
Durante o desenvolvimento do feto, os pais poderiam se apegar à deusa hipopótamo Tauret, para ela proteger a vida da mãe e da criança e providenciar um bom nascimento, já que os riscos advindos do parto era um dos principais fatores de mortalidade entre as mulheres (STROUHAL, 2007). Já Hathor, dentre tantas propriedades, era constantemente associada à maternidade – é tanto que nas décadas finais do Novo Império foi sincretizada à Isís, divindade com qualidades semelhantes -. Ela provavelmente foi uma das deusas mais respeitadas neste sentido, tanto em um aspecto político, como religioso. Contudo, era Bastet, a deusa gata, quem zelava pelo o amor familiar, especialmente o maternal. Sua dedicação para com os filhos era tamanha que alguns pesquisadores tendem a associar sua fúria como Sekmet como uma forma de proteger as suas crias contra o mal.
Mulher colhendo figos enquanto cuida de uma criança de colo. Tumba de Montemhet. Luxor. 25ª Dinastia. .
Mas não eram somente deusas que presavam pelo bem estar das crianças e da mãe, Bés, um deus anão, sempre estaria na espreita para afastar espíritos malignos, especialmente durante o sono.
Deus Bes.
Deus Bés.
Tal como hoje, ser mãe não era tarefa fácil. A grande responsabilidade da maternidade chegou até mesmo a ser utilizada nas “Lições de Ani”, em uma tentativa de fazer com que o leitor reflita acerca de suas atitudes:
Quando o momento chegou e tu nasceste, ela aceitou a carga de por o peito em tua boca durante três
E para as mães menos experientes existiam regulamentos escritos denominados “Ensalmos para mães e filhos” que, embora possuam ideias equivocadas e supersticiosas, era uma tentativa de diminuir os anseios das mães, tal qual um manual moderno para conviver com a maternidade, com a diferença que os ensalmos eram repletos de rezasEis um exemplo do que poderia ser lido:
Sai! Visitante das trevas, que te arrastas com o nariz e rosto atrás da cabeça, sem saber por que estais aqui!
Viestes beijar esta criança? Proíbo-te!
Viestes mimar esta criança? Proíbo-te!
Viestes afastá-la de mim? Proíbo-te!
Embora o poder centralizado usualmente fosse herdado por homens, tradicionalmente na Egiptologia se argumenta que quem era responsável pela legitimidade real eram as mulheres (DESPLANCQUES, 2011), embora existam debates adversos a esta teoria (COELHO; BALTHAZAR, 2012). Caso tal discurso seja verídico, essa postura provavelmente tinha alguma ligação com o mito de Ísis e Osíris, onde foi a deusa quem articulou a subida ao trono de seu filho, quando ele foi impedido pelo tio assassino.  Em verdade os filhos, mesmo adultos, usualmente eram associados ao nome da mãe
 
Arqueólogos encontram necrópole do Egito Antigo
 
tumba (Foto: Gebel el Silsila Project)
Resquícios de uma pedreira foram encontrados no sítio de Gebel el Silsila, a cerca de 800 quilômetros de distância da cidade do Cairo. Dentro do local também foi encontrada uma necrópole, de acordo com o Ministério de Antiguidades do Egito.
No Egito Antigo as pedreiras serviam como local de extração para pedras e materiais para a construção de templos e artefatos. "Sabemos que grandes quantidades de arenito para a construção de templos estavam guardadas lá", disse a arqueóloga Maria Nilsson, diretora do Projeto Gebel el Silsila, em entrevista ao Discovery News. "Com essas novas descobertas, podemos confirmar que Arqueólogos encontram barco de 4.500 anos e tumba de rainha egípcia
A pedreira conta com um templo e várias tumbas. O local foi registrado pela primeira vez em um mapa realizado pelo pesquisador alemão Ludwig Borchardt em 1934, mas desde então não foi explorado. Maria e sua equipe começaram a estudar as possibilidades de Gebel el Silsila em 2012, a partir das anotações de Borchardt e de cartuchos egípcios.
Segundo os arqueólogos, o templo era dedicado a um deus com corpo humano e cabeça de crocodilo chamado Sobek, que era responsável pelas águas dos rios e as cheias anuais. Eles encontraram ainda centenas de peças decoradas com iconografia típica do período do faraó Tutmés III (1500-1450 a.C.).
Os arqueólogos pretendem dar continuidade à pesquisa, dessa vez buscando entender a importância do local para a comunidade da época. "Espero continuar o trabalho arqueológico no local, especialmente porque seu estado de preservação é ruim e precisa ser documentado antes que seja tarde demais",
tumba (Foto: Gebel el Silsila Project)
tumba (Foto: Gebel el Silsila Project)
tumba (Foto: Gebel el Silsila Project)
tumba (Foto: Gebel el Silsila Project)
tumba (Foto: Gebel el Silsila Project)
As últimas palavras de Julius César
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Muitos acreditam que, prestes a morrer devido à ação de seus assassinos, Júlio César tenha pronunciado as famosas palavras: “Et tu, Brute?” (“Até tu, Brutus?”). Mas a verdade é que o controverso ditador de Roma jamais disse existe tal coisa. William Shakespeare inventou a fala para que a sua versão fictícia de Júlio César a recitasse. Entretanto, até mesmo na peça de Shakespeare, “Até tu, Brutus?” não é a última fala de Júlio César (e sim “Então caia, César”).
Mas e quanto ao personagem real e histórico de César? Ele era, de fato, de classe alta e tinha tido uma educação formal. Na Roma Antiga, isso significava que Júlio César provavelmente se comunicava em grego – e não em latim, como insinua a famosa frase. Na realidade, Júlio César não estava muito familiarizado com o latim.
O único escritor antigo que menciona quaisquer últimas palavras do imperador nem mesmo era contemporâneo de Júlio César. Ele sugere que a vida do político romano terminou com um suspiro em grego dirigido a Brutus: “Kai su teknon”, uma frase de difícil tradução, mas cuja versão mais aceita significa “até você, meu filho?”. As fontes são confusas porque, afinal, trata-se de uma fofoca de 2 mil anos de idade, mas alguns rumores diziam que Brutus era filho bastardo de César (outros o consideram filho adotivo), enquanto outros ainda se referem a eles apenas como amigos.
Alguns historiadores afirmam que a frase, na realidade, nem se refere a Brutus, mas sim a todos que conspiraram contra ele e planejaram sua morte. Neste caso, a tradução da frase viraria uma espécie de ameaça e seria algo mais próximo a “Vocês serão os próximos, crianças”. Uma alternativa, embora menos poética, conta que César teria puxado sua toga sobre a cabeça enquanto seus agressores o esfaqueavam até a morte
Os romanos não inventaram a crucificação
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Embora as narrativas que contam a paixão de Cristo tenham contribuído para fazer com que a execução por crucificação seja sinônimo de Roma Antiga em muitas mentes, a prática provavelmente se originou na Pérsia por volta do ano 500 aC. A partir daí, a punição extrema se espalhou para terras mais distantes como a Índia, o Egito, Cartago, a Macedônia, algumas terras celtas, assim como para Roma, entre outras regiões.
Pelo menos uma passagem do Velho Testamento bíblico sugere que os judeus da época já empregavam uma punição semelhante. Alexandre, o Grande, também havia mostrado a popularidade do ato ao invadir a cidade de Tiro e crucificar 2 mil de seus habitantes homens adultos, no século 4 aC. Na verdade, eram os cartagineses que talvez fizeram o uso mais extensivo da crucificação, e é provável que tenha sido a partir deles que os romanos adotaram a prática. Ao contrário de Cartago, que ocasionalmente crucificava seus próprios generais caso perdessem uma batalha, Roma não costumava crucificar seus próprios cidadãos.
Considerada a mais extrema sentenças de morte, a execução por crucificação era uma punição longa, cruel e dolorosa que os governantes do Império Romano reservavam para os seus piores criminosos, como Spartacus e seus companheiros rebeldes (além de, claro, Jesus). Os romanos, que viviam sempre com medo de revoltas de escravos devido à ampla utilização de tal forma de trabalho, responderam à revolta liderada por Spartacus com uma das maiores crucificações em massa da história. Na ocasião, aproximadamente 6 mil escravos rebeldes foram mortos na cruz ao longo da estrada de Roma a Cápua no ano de 71 aC.
Embora a crucificação fosse considerada demasiadamente abominável para ser usada contra os próprios cidadãos romanos, a prática não foi oficialmente abolida dentro do império até 438 dC.

1. A queda de Roma não acabou com o Império Romano

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Aprendemos na escola que, ao menos teoricamente, a dominação romana terminou em 476 dC, quando a cidade caiu e foi tomada por invasores hérulos, um povo germânico do sul da Escandinávia. No entanto, o novo saque a Roma nem foi um incidente tão significativo assim. A então capital do império, Constantinopla, há muito tempo já havia superado Roma em questão de riqueza, população e importância.
Na época de sua “queda”, a importância de Roma já tinha até sido suplantada, a oeste, pela cidade de Ravenna, a capital do Império do Ocidente. Outra razão pela qual a queda de Roma não foi tão catastrófica como se imaginava foi o general Flávio Odoacro, rei da tribo germânica dos hérulos, que depôs o último imperador romano do Ocidente. O militar bárbaro não queria, na realidade, mudar muito as coisas, ele só queria estar no comando. Odoacro fez questão de reconhecer o verdadeiro imperador em Constantinopla e manter o status quo.
Para um habitante qualquer de Roma, a vida continuou como de costume durante décadas após o fim do reinado do último imperador de Roma. Isso porque as tribos germânicas que passaram a governar a região já haviam feito parte do Império Romano como Estado-cliente – cuja população correspondia a uma considerável parte do contingente militar romano e era considerada “quase cidadãos”. Quando uma coalizão de bárbaros e romanos finalmente derrotou os hunos em 451, foi incrivelmente difícil dizer qual parte dos soldados era composta de romanos e quem dali era bárbaro.
O que de fato sacramentou o fim do Império Romano não foram as invasões estrangeiras, mas sim uma série de guerras civis que assolaram suas fronteira. O exército romano, com seu armamento, suas vestimentas e seus generais bárbaros, começou a lutar contra si mesmo cada vez mais, reduzindo o Império do Ocidente a incontáveis reinos rebeldes com apenas uma frágil união sob o comando de um punhado de senhores da guerra.
Independentemente do declínio do Império Romano do Ocidente, o do Oriente sobreviveu por mais mil anos, governando até grandes porções de terra hoje pertencentes à Itália em vários momentos durante esse tempo.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Arquivo Fotográficos - arco, em, a, antiga, anfiteatro. Fotosearch - Busca de Imagens Fotográficas, Cartazes, e Fotos Clipart.com.br • 

  • Templo de Apolo e Atenas
  • Templo de Apolo e Atena

    Explore as impressionantes ruínas de mármore deste antigo templo romano no romântico cenário de praias de areia branca da Turquia.  
    Na cidade turca de Side, admire as ruínas do extraordinário Templo de Apolo e Atena, cuja origem data do século II d.C. Aprecie a vista para o Mar Mediterrâneo oferecida por museu espetacular a céu aberto em frente às lindas praias de Side, e volte ao anoitecer para fazer um piquenique. Sente-se a beira-mar e veja o Sol se pôr em uma paisagem de tirar o fôlego, ricamente iluminada por holofotes. 
    A antiga cidade portuária de Side é um dos destinos de férias mais procurados da Turquia e suas antigas ruínas atraem vários turistas o ano inteiro. Os vestígios do Templo de Atena e Apolo, com 1.800 anos, são compostos por uma série de colunas que estão lá desde a Antiguidade, com várias ainda intactas. Este local dos tempos da Roma arcaica é uma relíquia que representa o avanço da mitologia e da arquitetura gregas pela região durante a Antiguidade.
    Os cultos a Apolo e Atena eram populares em todo o Império Romano. A padroeira de Side, por exemplo, era Atena, protetora dos marinheiros e do porto. Deixe a câmera a postos para fotografar belos momentos perto das ruínas. As colunas de mármore no estilo coríntio que ainda estão de pé, compondo a entrada do templo, são de cair o queixo.
    Durante o dia, passeie pelas colunas que caíram e se desgastaram ao longo dos séculos, respirando o ar salgado do oceano e admirando a vista panorâmica para o mar. Bateu a fome? Almoce em um dos restaurantes a beira-mar nas proximidades e prove a culinária local a preços razoáveis. No fim do dia, traga um lanche e faça um piquenique romântico enquanto assiste ao pôr do Sol no templo. À noite, observe a Lua cair sobre a entrada ricamente iluminada do local.
    Side fica a uma hora de carro ou ônibus do Aeroporto de Antalya e, embora a cidade seja um excelente destino para férias o ano todo, o período mais oportuno para conhecê-la é nos meses de abril, maio, junho e outubro, para fugir da grande quantidade de turistas e locais, comum no alto verão. 
    O Templo de Apolo e Atena é uma das principais e mais belas atrações históricas de Side. Vale a visita.

    Termessos

    Conheça os apaixonantes contos de uma antiga cidade no topo de uma montanha, passeando por templos, túmulos e um teatro de outro milênio.
    A maravilha de Termessos é uma antiga cidade construída nas montanhas perto de Antália. Seu ponto mais alto atinge aproximadamente 1.600 metros, superando em altura as montanhas ao redor. A cidade é conhecida por ser extremamente bem preservada, depois de ter sido fundada pelo povo solymi há mais de 2.000 anos. Visite o parque nacional, repleto de pitorescas maravilhas naturais, árvores exóticas e plantas, que cerca a cidade.
    Contrate um guia turístico na entrada do parque nacional. Suba com seu guia até a cidade antiga e ouça histórias sobre os antigos habitantes. Saiba como os solymis viviam quando chegaram para fundar essa montanha há milhares de anos. Ouça as lendas que envolvem Alexandre, o Grande e outros nomes famosos da Grécia Antiga. 
    Enquanto você caminha na área das ruínas, leia as placas que revelam fatos interessantes sobre cada local. Observe templos e monumentos dedicados aos deuses. A Tumba Monumental é um dos principais destaques. Não deixe de visitar o teatro gigante e os cemitérios antigos. Observe os sistemas de cisternas e de drenagem para conhecer como esses povos antigos cuidavam da água e do esgoto. 
    O Parque Nacional Güllük Dagi cerca a cidade. Descubra sua flora e fauna intrigantes e tire fotos da paisagem montanhosa inspiradora. Traga água e lanches suficientes para as caminhadas, que podem durar várias horas no calor intenso. Visite o restaurante perto da entrada do parque ao lado de uma lanchonete, uma cafeteria e banheiros. Conheça as pequenas exposições de artigos e fotos do museu relacionadas a ruínas de Termessos.
    Acredita-se que Alexandre, o Grande, fracassou em sua tentativa de conquistar a cidade imponente. Entretanto, agora é possível visitar tanto a antiga cidade quanto o parque nacional pagando-se uma taxa. O parque fica aberto de manhã até a noite, mas fecha mais cedo no inverno.
    Termessos fica a cerca de 30 quilômetros a noroeste de Antália. Alugue um carro para apreciar a viagem panorâmica de uma hora passando por lindos vales e montanhas. Tanto os ônibus públicos quanto os turísticos levam os passageiros para a cidade antiga.

    Museu de Antália

    Entre os maiores museus da Turquia, este local abriga milhares de objetos históricos que encantam os visitantes com as histórias das culturas antigas.
    O Museu de Antália, com 13 salões de exposição e 5.000 obras de arte, é um dos maiores museus desse tipo no país. A enorme construção guarda milhares de artefatos que contam a história natural e da humanidade da Turquia ao longo de muitos milênios. Conheça as antigas províncias de Pamphylia e Lycia enquanto examina o intrigante conjunto de objetos históricos. 
    Passeie pelos diversos salões de exposição e admire as exposições sobre os variados aspectos do passado na região. Veja de perto fósseis e ossos de feras pré-históricas no Salão de História Natural. Gráficos e diagramas explicam o significado dos fósseis e o informam da antiga presença de dinossauros na região.
    Admire as obras de arte primitivas e as antigas ferramentas da Idade do Cobre, do período neolítico e do início da Idade do Bronze no Salão Pré-Histórico. Muitas das exposições do museu mostram como as sociedades antigas da região viviam em suas rotinas diárias. Veja utensílios de cozinha, tigelas, pratos e outros itens que ajudavam esses povos a sobreviverem.

    Porta de Adriano

    Construída há 2.000 anos, essa porta de acesso à cidade antiga é um belo exemplo da engenhosidade romana, com elegantes colunas, três arcos e estrutura de mármore.
    A Porta de Adriano é um arco triunfal belíssimo da dinastia romana que sobreviveu intacta por quase 2.000 anos. Ela foi construída em 130 d.C. para marcar a chegada do Imperador Adriano à cidade. A estrutura é composta por três portas em arco construídas em mármore branco. Ao redor da porta ornamentada surgem torres que acrescentam mais charme à parte histórica de Antália.
    Caminhe através da porta em seu próprio ritmo e aprecie a grandiosidade dessa antiga estrutura. Imagine a época em que os primeiros romanos andavam sob os arcos. Diz a lenda que a Rainha de Sabá passou pela porta a caminho de Aspendo. Sob os arcos é possível observar sua decoração rebuscada. 
    Uma passarela moderna impede que os visitantes danifiquem a porta original. Os arcos laterais ficam interditados para que os pedestres passem somente pelo arco central.
    Peça para um amigo tirar fotos suas no interior do histórico arco triunfal. A tranquila área externa tem flores coloridas, árvores e grama. Do outro lado da estrutura há cafeterias, restaurantes e barracas que vendem lembrancinhas e roupas. 
    Admire as torres que ficam em ambos os lados do arco triunfal. Acredita-se que ela remonte à era romana, enquanto a outra parece ter sido construída pelo Sultão Alaaddin Keykubat I, no século XIII.
    A porta originalmente tinha um segundo pavimento, embora os historiadores saibam muito pouco a respeito. Ela foi descoberta quando as paredes ao redor dela desmoronaram devido a um terremoto.
    A Porta de Adriano fica num bairro histórico no centro de Antália. A região é bem acessível de ônibus. Se preferir ir de carro, siga as placas para Üçkapilar, que é o nome turco do local. Várias atrações históricas ficam nas proximidades, incluindo a Torre do Relógio.
    No local, há também uma rica coleção de artefatos relacionada à ocupação romana na região há cerca de dois mil anos. Explore as esculturas mitológicas encontradas durante as recentes escavações em Perge. Na Galeria dos Imperadores, admire as esculturas que glorificam e imortalizam os imperadores e outras identidades importantes durante o período romano. Veja as lamparinas e os itens de vidro das eras romana e bizantina. O Salão das Moedas abriga cofres e uma Seção Infantil exibe interessantes brinquedos arcaicos.
    O complexo ainda conta com uma cafeteria, onde os visitantes podem tomar um café enquanto refletem sobre as interessantes relíquias observadas nas exposições.
    O museu foi fundado pelo professor Süleyman Fikri Erten, em 1922. Em 1988, ele ganhou o Prêmio Especial do Conselho da Europa. É cobrada uma taxa de entrada para o museu e ele fica aberto de terça a domingo até o fim da tarde.
    O Museu de Antália fica logo a oeste do centro da cidade. Para chegar ao local, alugue um carro ou pegue um táxi e siga por cerca de 4 quilômetros ao longo da costa da cidade. O museu fica um pouco antes do Beach Park e do Aquário de Antália.